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segunda-feira, 21 de junho de 2010

Disciplina, um assunto que ultrapassa os muros da escola

Vemos através da mídia que a sociedade, de forma geral, está voltada às questões disciplinares nas escolas e que o temadisciplina nunca foi tão discutido e apresentado pelos meios de comunicação como nos dias de hoje.

Escutamos, por outro lado, educadores culparem as famílias de seus alunos por não darem limites. Também ouvimos pais colocarem a responsabilidade na escola, por não conseguir manter a disciplina com seus filhos. É possível perceber com mais clareza que o que acontece é uma grande crise de valores, de moral e de ética. Além disso, é perceptível a falta de responsabilidades, comprometimentos, a alta velocidade do descartável e conhecimento volátil, que o adolescente não consegue administrar.

Seria omissão por parte da escola pensar que se responsabilizar pela construção da moral e ética dos seus alunos é papel somente da família? A rotina das crianças e dos adolescentes está cada vez mais limitada a condomínios fechados e também ficando presos a um encantador mundo virtual que a tecnologia disponibiliza de forma sedutora e fácil. Sendo assim, os estudantes em sua maioria, encontram na escola, o espaço e o tempo maior para um convívio social e para o diálogo.

Ao ingressar na escola, a criança vai se defrontar com o outro, vai aprender a dividir espaços e principalmente a atenção de adulto, onde vai aprender a conviver socialmente com um grupo que não seja o seu ambiente familiar. Com isso, a escola oportuniza à criança o desenvolvimento pessoal e social.

A escola não pode ser omissa quanto ao desenvolvimento da dimensão da ética e da moral. Esses valores devem ser trabalhados diariamente, desde a educação infantil, perpassando toda a trajetória do estudante em sua vida escolar, através de projetos interdisciplinares que abordem o cultivo da solidariedade e da paz.

O que se pode dizer é que nossos estudantes estão carentes de limites e de exemplos positivos de adultos. Daí crianças e adolescentes inseguros, sem discernimento daquilo que é certo e do que é errado, não sabendo ao certo a quem ouvir e o que ouvir.

O limite dado com afeto e diálogo contribui para que a relação se dê permeada de respeito. A garantia da permanência desse limite, oportuniza à criança o seu desenvolvimento e a construção de sua autonomia. Limite é cuidado, é tradução real de amor que o adulto pode manifestar para com uma criança.

A disciplina é elemento básico para que o estudante se sinta em ambiente verdadeiramente organizado e seguro, e é fator imprescindível para que ocorra aprendizagem.

Champagnat orientava os primeiros Irmãos a conquistarem a obediência dos seus alunos não pelo medo, mas pela compreensão de que as normas e convenções existem para o bem comum.

Em cada episódio que se apresenta na mídia, referente a temas, como indisciplina, agressividade, falta de limite por parte dos estudantes, as perguntas que devemos fazer são: Quem é o responsável por esta situação? Como podemos resolvê-la?

Quem faz a educação acontecer somos todos nós, adultos/ crianças/ adolescentes/ educadores/ pais, portanto, cada um tem a sua parcela de responsabilidade.

É no convívio que a criança e o adolescente aprendem, através dos exemplos e atitudes coerentes dos adultos e até mesmo a partir de momentos de rotina mais simples do dia-a-dia. Na escola, a forma como o educador faz a cobrança, dirige o olhar, transmite sua linguagem e com clareza exercita a coerência entre o dito e o feito se realiza a formação do aluno.

O limite e a disciplina dentro da escola se dão a partir da apresentação de regras claras, vivenciadas por todos, e principalmente compreendidas que existem para o bem comum. Todos que compõem uma instituição de ensino estão diretamente ligados à formação dos educandos: funcionários e colaboradores estão envolvidos e são vistos pelos estudantes como adultos e modelos, por isso a importância da coerência entre a teoria e a prática.

A conquista da autonomia pela criança é um dos principais objetivos da educação, pois capacita a considerar os diversos fatores que se apresentam numa situação de escolha da ação adequada. Quando ela considera o ponto de vista dos outros ao fazer suas escolhas percebe que sua liberdade tem limites definidos, que exigem honestidade, responsabilidade, ação reflexiva e respeito ao direito das demais pessoas. (PPM, p. 31)

O papel da escola não se limita à aprendizagem formal, educa para a vida e para o exercício da cidadania, transforma a escola tradicional na escola moderna que vivemos hoje. Buscamos, através de uma aprendizagem sólida e sadia, uma liderança solidária, para que em um futuro próximo exerçam na sociedade seu papel com princípios de respeito, de solidariedade visando ao bem comum.

Nós somos a escola, este é o nosso trabalho e nossa missão e, ao contrário de ficarmos a procurar culpados, precisamos ter clareza de que somos responsáveis. A escola é um espaço de vida, de trocas de experiências, de construção do saber, na busca do aprender a conviver e saber Ser, a vivenciar valores de ética, de moral e de cidadania.

Enfim, é na escola que muitos de nossos alunos terão a possibilidade e a oportunidade de construção de seu Projeto de Vida, fundamentado nos reais valores de que a sociedade está tão carente.

Um comentário:

  1. A Disciplina como a Educação começa-se em casa, no âmbito familiar. Se os pais e/ ou responsáveis não desenvolve isso em seus filhos, eles trazem essa "carência" para a Escola. Daí a situação que se encontram as escolas hoje.
    A própria Bíblia Sagrada nos ensina e adverte: Provérbios 13:24- Aquele que poupa a vara aborrece a seu filho; mas quem o ama, a seu tempo o castiga.

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